Comments on: O desacordo ortográfico https://blogs.dw.com/contraacapa/o-desacordo-ortografico/ Sun, 12 Feb 2017 03:03:32 +0000 hourly 1 By: Paulo Alves https://blogs.dw.com/contraacapa/o-desacordo-ortografico/#comment-185 Sat, 23 Jan 2016 07:39:18 +0000 http://blogs.dw.com/contraacapa/?p=1547#comment-185 Caríssimo, gostei das suas considerações sobre o Acordo Ortográfico. No essencial, estamos de acordo quanto à inutilidade dessa coisa. Pois bem mais relevante para a riqueza de uma língua é, afinal a sua diversidade, conforme referiu no seu penúltimo parágrafo. Tomara que o que se tomasse por Acordo Ortográfico se confinasse à enorme riqueza de termos que têm, afinal, o mesmo conceito ou a mesma significação, embora ao dizermos ‘Cadeira’, cada um pensa numa cadeira muito particular. Talvez o que seja comum, afinal, sejam os arquétipos.

No entanto, houve partes do seu texto que me deixaram perplexo.
Eu sou português. Você é brasileiro. Até poderia ser angolano, moçambicano ou, para ser mais isento, alemão. Falo de você, obviamente.

Você fala de mentalidade colonialista.
Como???

Há certamente nesse seu discurso algum pré-conceito mal consciencializado, ou então apresentou mal a sua ideia.
É o português que tem mentalidade colonialista?
E de que forma um português manifesta uma mentalidade colonialista perante um povo que já há várias gerações se emancipou e adquiriu independência e autonomia?
Povo português que, já após a independência do Brasil, teve de emigrar para esse país para tentar a sorte e fugir da miséria, nos idos do Século XIX, e sujeitar-se naturalmente às regras de um estado soberano?
E serem tão pitorescos que, ainda hoje, é o próprio povo brasileiro quem tem, na generalidade, uma muito má imagem do ‘portuga’, com todo o anedotário associado, sempre numa perspectiva depreciativa?
São esses pobres coitados, os ‘fuções’ da vida, que terão o a mentalidade de colonialista?
Serão, para cúmulo, os seus herdeiros?

Se você me falasse de mentalidade de colonialsta que alguns portugueses têm relativamente às gentes das antigas colónias emancipadas nos anos 70 do século passado, até poderia compreender, pois constato, por vezes isso, para pena e constrangimento meu.

Afinal não custa reconhecer que nós, portugueses, temos também entre nós, pessoas racistas ou com o complexo de que o ‘preto’ há-de ser o eterno ‘matumbo’ que pouco mais percebe que descascar batatas. Mas também temos Pessoa e Cesariny e muitos, muitos mais, que atestam a heterogeneidade de um Povo que outrora foi detentor de um Império Colonial e que, deixando de o ter, continua a produzir gentes de valor, que não precisa de se projectar através do seu ego para ser reconhecida pelo brilho da excelência que emana, um pouco por todo o Mundo.
Continuamos um Povo aventureiro, que sempre se realizou no Mundo, muito mais que no conforto do seu rectângulo ibérico.
Foram os aventureiros portugueses, sem nada a perder, que criaram o movimento dos Bandeirantes, que desbravaram todo o sertão brasileiro colonial e consolidadam assim a sua dimensão territorial contra os castelhanos.

Isto não é ter mentalidade colonialista.
Isto é ter orgulho da História e do Povo qu a escreveu.
E com qualquer Povo se deve lidar com Respeito!

Retornando ao particular rácico, o ‘preto’ continua a ser, na sociedade brasileira, o típico estereótipo do marginal, idealizado pela comunidade branca.
Não é esta, afinal, a mais pura das verdades?

Não admira, pois, que o tão controverso Acordo Ortográfico, que renasceu fruto da sede de protagonismo de um político com influência na Academia Brasileira de Ciências, tenha tido Portugal como parceiro privilegiado.

Esta atitude até pode parecer normal, mas, de facto, não o é!
Como menciona certeiramente Caetano Veloso, na sua música ‘Haiti’, e outra de, contexto semelhante, de Gabriel O Pensador, em ‘Lavagem cerebral’.numa sua música de denúncia perante as disfuncionalidades de Classe e raciais da Sociedade Brasileira, constata-se que há efectivo Racismo não disfarçado no Brasil, numa dimensão muiti próxima de um ‘Apartheid’ envergonhado.
E este facto é corroborado por um amigo meu, de Goiás, filho de imigrantes italianos, que fez estudos em Portugal e acabou por enveredar pela carreira diplomática, ao não disfarçar a sua atitude de racismo perante cidadãos negros, em Portugal, trabalhando dignamente na Construção Civil.

E o que o Brasil fez com os países africanos de expressão oficial portuguesa foi vergonhoso. Terá sido por ‘serem todos pretos’?

Obviamente que Angola preferiu iniciar hostilidades contra Portugal, por ser o elo mais fraco e contra o qual não teria muito a perder. No seu Jornal Oficial lembrou que o bem mais precioso que Angola herdou do Império Colonial Português foi, antes de mais, a Língua Portuguesa. E vexou Portugal por ter sido este, afinal, a ratificar um tratado claramente destrutivo para a Língua Portuguesa, na variante europeia.

Angola e Moçambique, neste momento, são os dois países do Mundo de expressão oficial portuguesa a escrever segundo a norma pura do Português Europeu.

Quanto ao Brasil, há muito tempo que já é um país independente e ficar-lhe-á muito mal fazer o papel de vítima do colonialismo, ou de um putativo neocolonialismo, o que seria extremamente absurdo.
Pelo contrário, o sentimento do povo português é o de que houve uma pressão feita pelo Brasil para a formalização de um Acordo Ortográfico. Acabou por se formalizar um acordo de “amigos”, no qual os aspectos essenciais foram relegados para segundo plano. É,afinal, um Acordo inútil, confuso e potencialmente destrutivo.
Do lado brasileiro houve situações insólitas vergonhosas no seio da Academia Brasileira das Ciências: Evanildo Bechara, acérrimo crítico deste Acordo, mudou de ideias e passou a ser o seu paladino.Outro seu colega de Academia, lexicólogo, com idêntica postura, foi afastado.

Ademais, e sendo honesto, o Brasil tem um problema grave ao nívek da Afabetrzação.
O mais curioso,afinal, é que continue a enviar
Tudo isto para dizer que:
Portugal não tem mentalidade coloniais

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By: Maria Bessana https://blogs.dw.com/contraacapa/o-desacordo-ortografico/#comment-183 Sun, 17 Jan 2016 22:39:50 +0000 http://blogs.dw.com/contraacapa/?p=1547#comment-183 O artigo aponta para o que realmente importa, não temos de abolir as diferenças, temos de celebrá-las. E o acordo nada mais faz do que jogá-las por terra.

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