Para a África do Sul, a comissão técnica decidiu viajar com apenas 19 jogadores, muito pelo fato de a seleção não ter tempo para um treinamento em solo africano. Um mero reconhecimento de gramado será a única atividade. Para Fernandinho e Rafinha, assim como o meia Willian, do Chelsea, será uma – e a última – chance de mostrar que podem fazer parte dos 23 convocados na lista final, que será divulgada dia sete de maio.

E as chances estão muito boas para os atletas da Premier League. A convocação de Fernandinho praticamente era uma obrigação. O treinador tentou minimizar dizendo que a contusão do volante Lucas Leiva, do Liverpool, abriu uma nova chance de testar um outro jogador, mas é evidente que, no momento, não tem outro segundo-volante jogando tão bem quanto Fernandinho. Com seis partidas pela seleção brasileira em seu currículo, Fernandinho concorre a uma vaga com Lucas Leiva, Ramires e Hernanes. Além disso, Willian do Chelsea, que já figurou nas convocações contra Chile e Honduras, parece ter ganho terreno na seleção.

Rafinha, titular absoluto com Pep Guardiola

Além da boa fase em seus clubes, os três contam com um declínio e uma falta de confiança de Felipão em outros jogadores, concorrentes de posição. Se na lateral direita, até outra hora o preferido era o polivalente Jean, que foi rebaixado (ou não) com o Fluminense no Campeonato Brasileiro, Rafinha vem em uma ascendente incrível após a chegada de Pep Guardiola no Bayern de Munique.

Titular da equipe bávara, Rafinha possui apenas uma única partida pela camisa canarinha. Em 2008, atuou por 17 minutos no amistoso contra a Suécia. Naquele ano ainda participou da seleção olímpica que foi aos Jogos Olímpicos de Pequim. De lá para cá caiu de produção no Schalke 04, teve uma passagem pouco produtiva no Genoa, da Itália, e depois virou uma figura presente no banco de reservas do Bayern de Munique.

Se formos analisar e comparar com a convocação para a Copa das Confederações, Fernandinho tem grandes chances de figurar entre os convocados para o Mundial. O volante Fernando (alguém lembra dele no elenco?), o meia Jadson, o lateral Jean, o meia-atacante Lucas são cartas fora do baralho. Fernandinho pode pegar a vaga de Jadson. Já Rafinha concorre com Maicon e Dani Alves pela vaga de Jean. Ramires do Chelsea e Lucas Leiva do Liverpool disputam a vaga de Fernando e Willian, também do Chelsea, a vaga de Lucas, do Paris Saint-Germain.

Tirando a posição de atacante reserva de Fred, todas as vagas parecem estar definidas:
Goleiros: Júlio César, Jefferson e Diego Cavalieri – Vitor do Atlético Mineiro concorre por fora.
Laterais: Marcelo, Daniel Alves, Filipe Luís e Maicon.
Zagueiros: Thiago Silva, David Luiz, Dante e a quarta vaga está entre Réver e Alex.
Volantes: Paulinho, Luiz Gustavo, Hernanes, Lucas Leiva, Ramires (Fernandinho briga com os últimos três).
Meias: Oscar, Willian.
Atacantes: Neymar, Fred, Hulk, Bernard e Jô.

Felipão e a sua única estrela: Neymar

Talvez a grande – e única – decepção, foi a não convocação de Philippe Coutinho. O meia vem tendo grandes atuações pelo Liverpool e era cotado como uma das opções que Felipão poderia testar. Entre Fernandinho e Coutinho, o meia do Manchester City é mais completo e possui uma qualidade muito apreciada pelo comandante gaúcho. Fernandinho sabe marcar. Não é a toa que alguns creditam ao atleta a posição de volante. A questão é: quem é que vai criar nessa seleção? Na Copa das Confederações, o Brasil contava apenas com Oscar e Jadson e dependeu muito de Neymar e da ação dos segundo-volantes. Paulinho fez um torneio excelente. E ao que tudo indica Felipão deve vir com o esquema 4-3-2-1, onde, dependendo do adversário, seria possível até contar com três volantes no meio. E nessa filosofia de jogo, Philippe Coutinho não teria muito espaço.

As grandes preocupações são as vagas de segundo atacante e o zagueiro reserva de Thiago Silva. Jô e Réver não aspiram confiança e para estas posições, Felipão não convocou ninguém para o amistoso contra a África do Sul. Indício de que ele está satisfeito com os dois ou a convocação final promete mais surpresas? As três vagas restantes para o amistoso serão compostas por um goleiro e dois atacantes. Provavelmente Jefferson, do Botafogo, e Fred, do Fluminense, além da especulação em torno de Leandro Damião.

O técnico brasileiro não esconde seu encanto com o futebol de Bernard. Tanto que, nos confrontos mais importantes do torneio, contra Itália e Espanha, foi ao jovem talento do Atlético Mineiro que ele recorreu na tentativa de melhorar o time.

“Estou doidinho para colocar o Bernard. Nossa Senhora! Que alegria nas pernas tem aquele guri”, admitiu Scolari antes da partida contra a Itália.

Lucas entrou em campo em 18 das 25 vezes que foi convocado para a seleção brasileira. Mas nesta Copa das Confederações, jogou apenas nas partidas contra Japão e México e, somando os dois jogos, não atuou mais que 30 minutos. Bernard, por sua vez, já soma quase 50.

“Por mais que eu esteja na Seleção há apenas um mês, já deu para aprender muita coisa. Observei tudo o que pude e que posso”, disse Bernard.

Preterido por Bernard, Lucas, naturalmente, ainda não esboçou reclamação. Nem tem motivos para isso. Ainda parece ser o favorito da torcida, só não se sabe até quando.

Em 6 de setembro de 1965, a seleção brasileira venceu a uruguaia por 3 a 0. Os gols foram de Rinaldo,  Tupãzinho e Germano. Os três eram – assim como o resto do time, o técnico e até o massagista – do Palmeiras.

A ideia foi da então Confederação Brasileira de Desportos. E a escolha se deu apesar de, na época, Botafogo e Santos terem muitas das maiores estrelas do futebol brasileiro, como Garrincha e Pelé.

Não foi a única vez, no entanto, que um time representou a seleção brasileira. Em 1965, o Corinthians o fez contra o Arsenal em Londres e perdeu por 2 a 0.

Em 1968, todo o time do Botafogo foi convocado para uma partida contra a Argentina. Deles, oito foram titulares. A seleção venceu por 4 a 1.

Quatro dias depois, no Mineirão, foi a vez de o Cruzeiro representar a seleção. Com nove titulares do time mineiro em campo, o Brasil venceu novamente a Argentina, desta vez por 3 a 2.

Em 1968, foi o Atlético Mineiro que vestiu a camisa amarela.  A partida contra a antiga Iugoslávia, no Mineirão, terminou em 3 a 2 para os brasileiros.