Xherdan Shaqiri – DoisToques https://blogs.dw.com/doistoques O blog do esporte da DW Brasil Wed, 11 Jun 2014 13:54:12 +0000 pt-BR hourly 1 Futebol alemão envia 77 jogadores para a Copa do Mundo https://blogs.dw.com/doistoques/2014/06/04/futebol-alemao-envia-77-jogadores-para-a-copa-do-mundo/ Wed, 04 Jun 2014 18:08:33 +0000 http://blogs.dw.com/doistoques/?p=1803 0,,16878501_101,00

O futebol alemão é o segundo maior fornecedor de jogadores convocados para a Copa do Mundo no Brasil. Com 77 atletas escolhidos, a Alemanha fica atrás somente da Inglaterra, que enviará 115 jogadores ao Mundial. Nada mais nada menos que em 22 seleções há ao menos um atleta familiarizado com a Bundesliga ou com a segunda divisão do Campeonato Alemão.

A Alemanha, logicamente, lidera o ranking, com 17 atletas. Em seguida aparece na lista a Suíça, com nove convocados, à frente de Japão e Bósnia, com sete atletas cada.

No quesito clube que mais cedeu jogadores ao Mundial, o Bayern de Munique lidera a lista, com 15 atletas, seguido pelo Manchester United, da Inglaterra, com 14 atletas.

Confira a lista dos “alemães” na Copa do Mundo:

Brasil:
Dante (Bayer de Munique)
Luiz Gustavo (Wolfsburg)

Croácia:
Ivan Perisic (Wolfsburg)
Mario Mandzukic (Bayern de Munique)
Ivica Olic (Wolfsburg)
Milan Badelj (Hamburgo)

México:
Andrés Guardado (Bayer Leverkusen)

Camarões:
Joel Matip (Schalke 04)
Eric Maxim Choupo-Moting (Mainz 05)

Espanha:
Javi Martínez (Bayern de Munique)

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Huntelaar marca seus gols por Schalke e a Oranje

Holanda:
Paul Verhaegh (Augsburg)
Arjen Robben (Bayern de Munique)
Klaas-Jan Huntelaar (Schalke 04)

Austrália:
Mitchell Langerak (Borussia Dortmund)
Matthew Leckie (Eintracht Frankfurt)
Ben Halloran (Fortuna Düsseldorf – 2ᵃ divisão)

Colômbia:
Adrián Ramos (Borussia Dortmund)

Grécia:
Sokratis Papastathopoulos (Borussia Dortmund)

Costa do Marfim:
Arthur Boka (Stuttgart)
Constant Djakpa (Eintracht Frankfurt)
Didier Ya Konan (Hannover 96)
Mathis Bolly (Fortuna Düsseldorf – 2ᵃ divisão)

Japão:
Atsuto Uchida (Schalke 04)
Hiroki Sakai (Hannover 96)
Gotoku Sakai (Stuttgart)
Makoto Hasebe (Nürnberg)
Hiroshi Kiyotake (Nürenberg)
Shinji Okasaki (Mainz 05)
Yuya Osako (1860 Munique – 2ᵃ divisão)

Itália:
Ciro Immobile (Borussia Dortmund)

Costa Rica:
Júnior Díaz (Mainz 05)

Suíça:
Diego Benaglio (Wolfsburg)
Johan Djourou (Hamburgo)
Ricardo Rodríguez (Wolfsburg)
Tranquillo Barnetta (Eintracht Frankfurt)
Gelson Fernandes (Freiburg)
Xherdan Shaqiri (Bayern de Munique)
Granit Xhaka (Borussia Mönchengladbach)
Josip Drmic (Nürnberg)
Admir Mehmedi (Freiburg)

Equador:
Carlos Gruezo (Stuttgart)

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Ribéry é o principal nome na Bundesliga, mas foi cortado devido a uma lesão na regiãao lombar

Bósnia:
Jasmin Fejyic (Aalen – 2ᵃ divisão)
Ermin Bicakcic (Eintracht Braunschweig)
Emir Spahic (Bayer Leverkusen)
Sead Kolasinac (Schalke 04)
Mensur Mujdza (Freiburg)
Sejad Salihovic (Hoffenheim)
Vedad Ibisevic (Stuttgart)

Alemanha:
Manuel Neuer (Bayern de Munique)
Roman Weidenfeller (Borussia Dortmund)
Ron-Robert Zieler (Hannover 96)
Kevin Grosskreutz (Borussia Dortmund)
Benedikt Höwedes (Schalke 04)
Mats Hummels (Borussia Dortmund)
Erik Durm (Borussia Dortmund)
Philipp Lahm (Bayern de Munique)
Jérôme Boateng (Bayern de Munique)
Matthias Ginter (Freiburg)
Bastian Schweinsteiger (Bayern de Munique)
Julian Draxler (Schalke 04)
Toni Kroos (Bayern de Munique)
Christoph Kramer (Borussia Mönchengladbach)
Thomas Muller (Bayern de Munique)
Mario Gotze (Bayern de Munique)

Portugal:
Vieirinha (Wolfsburg)

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Kevin-Prince Boateng não só atua na Alemanha, como nasceu em Berlim e vai enfrentar o seu meio-irmão na fase de grupos

Gana:
Kevin-Prince Boateng (Schalke 04)

Estados Unidos:
John Brooks (Hertha Berlin)
Timothy Chandler (Nürnberg)
Fabian Johnson (Hoffenheim)
Julian Green (Bayern de Munique)

Bélgica:
Daniel Van Buyten (Bayern de Munique)
Kevin De Bruyne (Wolfsburg)

Coreia do Sul:
Hong Jeong-Ho (Augsburg)
Koo Ja-Cheol (Mainz)
Ji Dong-Won (Augsburg)
Son Heung-Min (Bayer Leverkusen)

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Super Bayern? Nem tanto! https://blogs.dw.com/doistoques/2014/04/07/super-bayern-nem-tanto/ Mon, 07 Apr 2014 19:57:59 +0000 http://blogs.dw.com/doistoques/?p=1584 Bayern Munich's Schweinsteiger reacts after their German first division Bundesliga soccer match in Augsburg
Foram impressionantes 53 partidas sem derrota na Bundesliga. Quase duas temporadas completas. Mas a sequência indestrutível do Bayern de Munique encontrou o seu fim em um adversário pouco provável: o também bávaro, porém muito mais modesto, FC Augsburg. O time da capital alemã do teatro de marionetes está apenas em sua terceira temporada na primeira divisão do futebol alemão e já era a grande surpresa na atual edição da Bundesliga. Com o menor orçamento entre os clubes da primeira divisão, o Augsburg ocupa a oitava colocação e briga por uma vaga na próxima Europa League. E o grande feito do clube foi sacramento no último sábado: impediu o título inédito de campeão invicto e a aproximação do Bayern de Munique às grandes campanhas invictas da história do futebol europeu.

É bem verdade que o Bayern de Munique escalou o dito esquadrão B, mas entre os 11 titulares estavam nomes como Daniel van Buyten, Javi Martínez, Bastian Schweinsteiger, Toni Kroos, Sherdan Shaqiri, Claudio Pizarro e Mario Mandzukic. Bem ou mal, alguns destes jogadores estarão inclusive na Copa do Mundo no Brasil.

Porém o gol do atacante Sascha Mölders, aos 31 minutos do primeiro tempo, foi o único da partida e trouxe de volta ao Bayern de Munique o gostinho de uma derrota no Campeonato Alemão – algo que não acontecia desde o dia 26 de outubro de 2012. Naquela oportunidade, ainda sob o comando de Jupp Heynckes, o Bayern perdeu para o Bayer Leverkusen, por 2 a 1, em plena Allianz Arena. Aquela havia sido a única derrota na campanha repleta de recordes da temporada passada. O recorde de campanha imbátivel, Jupp não alcançou – Pep também (ainda) não.

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Arsenal campeão inglês invicto em 2004. Gilberto Silva e Edu fizeram parte da conquista

São muitos os exemplos de campeões invictos no futebol europeu. Apenas para listar alguns (os times mais famosos):
FC Porto – temporada 2010/2011 – time contava com Radamel Falcao e Hulk e era treinado por André Villas-Boas
Arsenal FC – temporada 2003/2004 – apelidados de “The Invincibles”, em alusão ao Preston North End – o primeiro campeão invicto do futebol mundial em 1889 -, os Gunners tinham um esquedrão com Thierry Henry, Dennis Bergkamp, Patrick Vieria, Sol Campbell, Robert Pirès…
Ajax Amsterdam – temporada 1994/1995 – dirigida por Luis van Gaal a equipe tinha jovens promessas do calibre de Clarence Seedorf, Edwin van der Saar, Frank Rijkaard, os irmãos de Boer, Edgar Davids, Patrick Kluivert…

O Bayern de Munique ficou 53 partidas invencível. Um número impressionante, levando em conta a estatística interna na Alemanha. O recorde anterior pertencia ao Hamburgo, que, entre as temporadas de 1981 e 1982, somou 36 jogos sem derrota. Mas comparado com invencibilidades em outros países europeias, a sequência bávara beira ao inespressivo, ao comum.

Shakthar Donetsk – 2000 até 2002 – 55 jogos
FC Porto – 2010 até 2012 – 55 jogos
Benfica – 1976 até 1978 – 56 jogos 
Skonto FC (Letônia) – 1993 até 1996 – 58 jogos
Olympiacos – 1972 até 1974 – 58 jogos
Milan – 1991 até 1993 – 58 jogos
FC Shirak e FC Pyunik (Armênia) – 1993 até 1995 e 2002 até 2004 – ambos 59 jogos
Union Saint-Gilloise (Bélgica) – 1933 até 1935 – 60 jogos
FC Levadia Tallinn (Estônia) – 2008 até 2009 – 61 jogos
Celtic – 1915 até 1917 – 62 jogos
FC Sheriff (Moldávia) – 2006 até 2008 – 63 jogos

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Antes do início da saga invencível, o Steaua foi campeão da Liga dos Campeões contra o Barcelona

Mas o imbátivel de todos os imbatíveis é o Steaua Bucareste. O clube romeno ficou impressionantes 104 jogos sem ser derrotado, entre agosto de 1986 e setembro de 1989. Neste meio tempo conquistou três campeonatos romenos de futebol consecutivos e invictos (!), duas copas da Romênia e chegou à final da Copa dos Campeões – competição precursora da Champions League.

A campanha invicta do Steaua é tão surreal e mítica, que atraiu suas suspeitas. Na época, a Romênia era comandada pelo ditador Nicolae Ceausescu, e o filho Valentin Ceausescu mantinha laços mais do que extremos com o Steaua Bucareste. Valentin é acusado de influenciar as arbitragens e o desempenho de equipes adversárias. Além disso, alega-se na Romênia que muitos dos jogadores, incluindo o craque Gheorghe Hagi, eram transferidos para o Steaua sem o consenso dos outros clubes e dos próprios jogadores. Após o fim da ditadura, Valentin declarou que ele apenas protegeu o Steaua da influência política do arquirival Dínamo Bucareste – clube favorecido pela temida polícia secreta romena.

E, aí? Alguém sabe de outros campeões invictos no futebol? Milan, Panathinaikos, Internacional….
E de quem é a maior sequência sem derrotas no futebol brasileiro?
Passe a bola para os DoisToques…

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Bundesliga: Suíça goleia Brasil em convocáveis para a Copa do Mundo https://blogs.dw.com/doistoques/2014/01/23/bundesliga-suica-goleia-brasil-em-convocaveis-para-a-copa-do-mundo/ Thu, 23 Jan 2014 17:19:13 +0000 http://blogs.dw.com/doistoques/?p=1431 0,,17253219_101,00
Faltam 17 rodadas para a Copa do Mundo. Neste fim de semana, a Bundesliga retorna aos gramados alemães com o Bayern de Munique já sendo considerado o virtual campeão, mas ainda com muitas questões em aberto, como a disputa acirrada pelas vagas para as competições europeias da próxima temporada e o rebaixamento. O returno é também a última chance para atletas de várias nacionalidades tentar abocanhar uma das seletas vagas para a Copa do Mundo no Brasil.

E isto não é pouco. Quase a metade dos jogadores inscritos na Bundesliga (46,1%) são estrangeiros. Líder nesta lista é justamente o Brasil, com 16 atletas – o mesmo da Suíça. Dois, Luis Gustavo, volante do Wolfsburg e entrevistado pela DW Brasil no final de 2013, e o zagueiro Dante, do supercampeão Bayern de Munique, são figurinhas carimbadas na seleção de Felipão e, ao que tudo indica, estarão na lista dos convocados, que será divulgada no dia sete de maio.

Ainda na briga para a lista de Felipão

Os jogadores Diego, meia do Wolfsburg, Rafinha, lateral do Bayern de Munique e o zagueiro Naldo, também do Wolfsburg, possuem convocações anteriores e correm por fora. Para o ex-santista Diego é fundamental que o Wolfsburg consiga manter a boa colocação na tabela (quinta colocação com 30 pontos) e que ele vença a disputa interna com a nova contratação Kevin de Bruyne. O belga, que veio do Chelsea da Inglaterra, é figurinha certa na Copa e pretende mostrar ao seu ex-treinador José Mourinho que ele foi mal aproveitado em Londres. A suposta transferência de Diego para o Santos no meio do ano, vem no momento errado, caso as ambições do atleta ainda sejam vestir a amarelinha.

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Diego (esq.) comemora abraçado com o companheiro suíço Ricardo Rodríguez

Companheiro de Wolfsburg, Naldo está em concorrência direta com o companheiro de Bundesliga Dante para uma vaga na reserva no elenco brasileiro. Dante não vem apresentando uma consistência nas partidas, errando seguidamente nas saídas de bola e sendo facilmente dominado quando não está atuando na “sobra”, ou seja, sem estar exposto ao duelo direto com os atacantes adversários. Naldo também não possue o nível técnico de Thiago Silva e David Luiz, mas, mesmo atuando por uma equipe inferior da do Dante, consegue mostrar uma regularidade muito boa comandando o sistema defensivo do Wolfsburg.

Já para Rafinha a situação é um pouco mais complicada. Por mais que ele tenha adquirido bastante espaço no Bayern de Munique com a chegada do treinador Pep Guardiola, Rafinha não esteve uma vez sequer entre os testados por Felipão. O treinador da seleção tende a convocar três laterais esquerdos (Marcelo, Maxwell e Felipe Luís) e apenas o Dani Alves do Barcelona para o lado direito. A solução encontrada por Felipão foi convocar Jean, volante de origem, mas atuando muitas vezes na lateral direita pelo Fluminense, muito pela versatilidade do atleta e as opções criadas dentro do elenco.

Ser bom na Bundesliga não basta para ser convocado

Curiosamente o melhor brasileiro do primeiro turno do Campeonato Alemão, segundo uma votação popular no site oficial da Bundesliga, nunca sequer teve a chance de se apresentar com a camisa da seleção brasileira. O meio-campista Raffael, do surpreendente Borussia Mönchengladbach, atualmente terceiro colocado na tabela, já anotou nove gols e deu quatro assisstências e está fazendo provavelmente a melhor temporada de sua carreira. O olho afiado da equipe de Esportes da DW Brasil anteveio a atual situação e apresentou o jogador em uma entrevista no início da temporada. Raffael carece de atenção midiática e é quase desconhecido no Brasil, mas é um daqueles nomes que muitos na Alemanha se perguntam: por quê nunca deram a ele uma chance na seleção?

Borussia Mönchengladbach - Eintracht Braunschweig 4:1

Raffael, marcou nove gols na atual temporada

Por aqui existem diversos nomes, dos quais os alemães acreditam terem sido injustiçados na seleção brasileira. O nome mais notório é o de Giovane Élber, atacante que viveu uma fase de muitas conquistas com o Bayern de Munique na virada do século.

É bem verdade que a Bundesliga já teve nomes brasileiros mais proeminentes em seus clubes. Mas seria muito estranho o campeonato com as duas melhores equipes da última temporada europeia, com os melhores números financeiros no que tange o volume de negócios e a maior presença de torcedores em estádios, não ter um único brasileiro representado na Copa do Mundo. O futebol “show” pode estar em outros países, mas a estrutura saudável, tanto a saúde financeira dos clubes quanto a da liga, e a melhor combinação entre qualidade tática com a qualidade física está na Alemanha.

Massacre suíço

FC Bayern München - SC Freiburg

Xherdan Shaqiri, meia do Bayern de Munique, é o maior talento da atual geração do futebol suíço

E se o Brasil co-lidera a lista de jogadores estrangeiros na Bundesliga com a Suíça, ao menos na quantidade de selecionáveis a vitória é do país alpino. E de goleada. Se pelo Brasil nos últimos 12 meses apenas Luiz Gustavo e Dante foram convocados para a representação nacional, a Suíça conta com 12 atletas da Bundesliga:
Diego Benaglio (goleiro, Wolfsburg), Johan Djourou (zagueiro, Hamburg), Timm Klose (zagueiro, Wolfsburg), Ricardo Rodríguez (Lateral, Wolfsburg), Gelson Fernandes (volante, Freiburg), Tranquillo Barnetta (volante, Eintracht Frankfurt), Pirmin Schwegler (volante, Eintracht Frankfurt), Xherdan Shaqiri (meia, Bayern de Munique), Granit Xhaka (meia, Borussia Mönchengladbach),  Eren Derdiyok (atacante, Bayer Leverkusen), Josip Drmic (atacante, Nürnberg) e Admir Mehmedi (atacante, Freiburg).

No amistoso disputado na Basiléia em agosto do ano passado, a Suíça derrotou o Brasil por 1 a 0 com um gol contra de Dani Alves e destes 12 atletas suíços que jogam na Bundesliga, oito estiveram nesta partida. Era apenas um amistoso, mas vale lembrar que foi a Suíça que derrotado a atual campeã mundial Espanha na fase de grupos da Copa do Mundo de 2010. Aquela havia sido a último derrota espanhola, até a final da Copa das Confederações, no Rio de Janeiro.

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Que país é teu? https://blogs.dw.com/doistoques/2013/10/15/que-pais-e-teu/ Tue, 15 Oct 2013 15:38:10 +0000 http://blogs.dw.com/doistoques/?p=1007

Uma discussão delicada e complexa voltou a ter destaque na Europa na última semana. Num mundo cada vez mais globalizado, com uma crescente miscigenação de etnias e a locomoção, principalmente no continente europeu, bastante facilitada, está cada vez mais impraticável definir a nacionalidade das pessoas. Na mesma semana que o treinador da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, declarou que iria se encontrar com o jogador do Atlético de Madrid, Diego Costa, a fim de convencê-lo a não atuar pela seleção da Espanha, um caso muito mais intrigante, digno de tabuleiro do jogo estratégico War, colocou um jovem de 18 anos de idade nos holofotes da mídia: o atacante do Manchester United Adnan Januzaj.

Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Januzaj é filho de pais kosovares de etnia albanesa. Só aí já são três nacionalidades. Além disto, a família da mãe do atleta, que possui raízes croatas, fugiu do regime da ex-Iugoslávia para a Turquia, e por tanto tem avós turcos. E para complicar ainda mais a situação, o Kosovo não é um país reconhecido oficialmente e o território é disputado por albaneses e sérvios. Se já não bastasse o imbróglio geográfico e político envolvendo as novas nações que se formaram do antigo território iugoslavo, agora a Inglaterra, país onde Januzaj atua desde 2011, também quer naturalizar o jovem talento.

Ao todo são sete países interessados no futebol de Januzaj. Para não criar problemas no futuro, ou tentar fazer com que Januzaj defenda as cores da Albânia, o pai do atleta proibiu que ele atuasse por seleções de categoria de base. Ambos descartaram diversas investidas da federação belga e, ao que tudo indica, as opções de atuar pela Sérvia, Croácia ou Turquia não passam na cabeça da família Januzaj.

E a vontade da Inglaterra em tê-lo também é hipotética e vai de encontro com o acordo fechado em 1993 entre as quatro federações de futebol do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), que determina que todos os atletas sem qualquer vínculo sanguíneo precisam comprovar no mínimo cinco anos de formação no determinado país. No caso de Januzaj, o clube formador foi o RSC Anderlecht, da Bélgica, do qual se transferiu a pedido de Sir Alex Ferguson, para o Manchester United, na temporada 2011/2012.

Xherdan Shaqiri, nascido no Kosovo, jogará a Copa do Mundo pelo país adotivo: a Suíça

Teoricamente só sobra a Albânia. O jogador, porém,  já teria dito que gostaria de atuar pela seleção do Kosovo, que ainda não existe. Sem possuir a legitimação da Fifa e do COI, o Kosovo só pode atuar em partidas amistosas, sem caráter oficial, sem ostentar a bandeira de um país que, oficialmente, não existe. E, muito por entender esse manifesto como uma forma de alavancar a legitimação do país, Januzaj declarou que gostaria de atuar pela seleção kosovar. Até que ponto ele vai sustentar esta posição é tão incerto quanto o fim da disputa territorial naquela região. Adnan Januzaj tem a difícil decisão de defender as nações dos seus pais, no caso Albânia ou Kosovo, e, assim como o liberiano George Weah nos anos 90, estar fadado a nunca alcançar grandes feitos com a seleção ou optar por fazer parte de uma equipe com mais potencialidade no cenário do futebol mundial, caso da Inglaterra, Bélgica, Croácia ou Turquia.

Multinacionalidades também na seleção da Alemanha

Januzaj não é o único kosovar de renome no futebol mundial. Os meiocampistas Xherdan Shaqiri, do Bayern de Munique, e Valon Berahmi, atualmente no Napoli, nasceram no Kosovo mas defendem a seleção suíça e, de quebra, estarão na Copa do Mundo de 2014. A Suíça, por sinal, possui em seu elenco uma diversidade de nove nacionalidades e descendências. A grande parte até nasceu na Suíça, mas poderia muito bem ter optado em atuar pelo país de origem de seus pais.

Se for feito um paralelo, até seleções do porte de uma seleção alemã de futebol, têm em seu currículo diversos jogadores que possuem raízes estrangeiras. E isto, porque a legislação alemão não permitia tal acontecimento até o final do governo de Helmut Kohl, na década de 90. Entre os mais famosos estão os poloneses Lukas Podolski e Miroslav Klose, o ganês Gerald Asamoah, o suíco Oliver Neuville e o esloveno Fredi Bobic. Até três brasileiros já vestiram a camisa da Alemanha: Kevin Kurányi (52 jogos e 19 gols), Cacau (23 jogos e 6 gols) e Paulo Rink (13 jogos).

Na Copa do Mundo de 2010, a Alemanha teve em seu elenco 11 jogadores ou nascidos em outro país ou com descendência estrangeira:
Miroslav Klose  – atacante – nasceu em Opole, na Polônia
Lukas Podolski – atacante – nasceu em Gliwice, na Polônia
Piotr Torchowski – volante – nasceu em Tczew, na Polônia
Mesut Özil – meia – filho de pai turco
Serdar Taşçı – zagueiro – neto de turcos
Sami Khedira – volante – filho de pai tunesiano
Dennis Aogo – lateral – filho de pai nigeriano
Jérôme Boateng – zagueiro – filho de pai ganês
Mario Gómez – atacante – filho de pai espanhol
Marko Marin – atacante – nasceu em Bosanska Gradiška, ex-Iugolsávia
Cacau – atacante – nasceu em Santo André, no Brasil

Caso Diego Costa: te quero, mas não te convoco

A dúvida em escolher um país para um dia jogar ou não uma Copa do Mundo não é ponto decisitório para o brasileiro Diego Costa. O sergipano se mudou para a Europa ainda com 16 anos de idade para atuar nas categoria de base do Sporting Braga de Portugal. Daí em adiante, Diego Costa jogou por outros sete clubes portugueses e espanhóis. O atacante brasileiro nunca esteve em um clube profissional do Brasil, fez toda a sua carreira no futebol na Europa e possui a cidadania espanhola. E então, jogar pela pátria de nascimento ou pela pátria de formação?

Diego Costa já marcou dez gols em oito partidas pelo Campeonato Espanhol e é artilheiro isolado à frente de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo

Existe uma regra estipulada pela Fifa, que regulamenta estes casos de dupla nacionalidade. Se um atleta já atuou na seleção principal por um país, ele está inviabilizado a jogar pelo outro. Mas no caso de Diego Costa, a Fifa já sinalizou que dará o aval para que o brasileiro atue pela seleção da Espanha, mesmo o atleta já tendo disputado dois jogos pela seleção brasileira. Isto porque, os jogos não foram oficiais. Em março deste ano, Luiz Felipe Scolari havia convocado Diego Costa para os amistosos do Brasil contra Rússia e Itália. Diego entrou no segundo tempo de ambas as partidas. No campo, a seleção brasileira precisa mais do Diego Costa, mas fora dele, a Espanha deu mais para o atleta. Felipão não deveria procurar a conversa com o jogador. Deveria convocá-lo ou deixar, juntamente com a CBF, que Diego Costa dê sequência à sua carreira.

Atualização 16.10.2013: segundo a agência de notícias esportivas SID, a CBF já teria enviado à Federação Espanhola de Futebol (RFEF) um documento declarando que Diego Costa não atuou em partidas oficiais pela seleção brasileira. Com este documento, o atleta está livre para atuar pela Espanha. A CBF, porém, reiterou na notificação à RFEF que o treinador Luiz Felipe Scolari pretende contar com o atleta. Então que convoque. Basta ver se Diego Costa vai aceitar, já que ele deixou claro a preferência em defender as cores da atual campeã mundial.

Aliás, este argumento da Fifa, alegando a eligibilidade de um atleta por uma segunda seleção quando este atuou apenas em amistosos pela primeira seleção, não ostenta um raciocínio lógico. Porque para o ranking da Fifa, que estabelece os cabeças de chave para uma Copa do Mundo, os inúmeros amistosos disputados nos últimos quatro anos ajudam a somar pontos e angarriar uma melhor posição no ranking, mas quando se trata da eligibilidade de um jogador de futebol, estes mesmos amistosos perdem o seu valor?

Fica a reflexão.

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