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Tradutora de Clarice Lispector recebe o Prêmio PEN de Tradução 2016

Foi anunciado nesta terça-feira (01/03) que a tradutora dos contos completos de Clarice Lispector para o inglês, Katrina Dodson, é a ganhadora do Prêmio PEN de Tradução 2016. The Complete Stories foi o volume lançado nos Estados Unidos pela New Directions e, no Reino Unido, pela Penguin, na coleção Modern Classics. A decisão foi unânime, disseram os jurados. Os outros concorrentes incluíam tradutores dos russos Fiódor Dostoiévski e Vclarice-lispector_16x9ladímir Sorókin, do búlgaro Georgi Gospodinov e da italiana Viola Di Grado.

O anúncio coroa um ano em que a autora brasileira esteve entre os escritores estrangeiros mais discutidos no âmbito da língua inglesa. O volume de contos recebeu resenhas de Los Angeles a Sydney, foi capa do New York Times, e trouxe Dodson a um time de tradutores que, capitaneado por Benjamin Moser (tradutor de A Hora da Estrela), incluía já Idra Novey (A Paixão segundo GH), Alison Entrekin (Perto do Coração Selvagem) Stefan Tobler (Água Viva) e Johnny Lorenz (Um Sopro de Vida). Talvez já se possa dizer que Clarice Lispector é hoje a escritora brasileira mais conhecida pelo público mundial, em posição que já foi ocupada de forma respeitável por Jorge Amado e, menos respeitável, a meu ver, por Paulo Coelho.

Na categoria para traduções de poesia, evidenciando um período em que a literatura brasileira vem experimentando repercussão nos Estados Unidos como há algum tempo não se via, concorria ainda Hilary Kaplan, tradutora do volume de estreia de Angélica Freitas no Brasil, Rilke shake, tradução lançada no país pela Phoneme Books. O prêmio foi dado a Sawako Nakayasu, tradutora dos poemas reunidos da modernista japonesa Chika Sagawa (1911-1935).

Em língua inglesa, o público recebeu nos últimos anos, por mãos da Penguin, novas traduções para livros de Jorge Amado (como a primeira tradução para o inglês, de Gregory Rabassa, para A Descoberta da América pelos Turcos), de Lima Barreto e Euclides da Cunha.

Nos Estados Unidos, de forma mais discreta, Hilda Hilst vem angariando também seus admiradores internacionais. Esta repercussão se deve, em primeiro lugar, aos esforços de tradutores apaixonados que encamparam batalhas para divulgar os autores brasileiros que respeitam em seus respectivos países, como é o caso também de Paula Abramo no México, Aníbal Cristobo na Espanha, Cristian De Nápoli e Florencia Garramuño na Argentina.

Na Alemanha, alguns tradutores que vêm se dedicando à literatura brasileira incluem Berthold Zilly, Odile Kennel, Maria Hummitzsch, Luis Ruby e Michael Kegler. Acaba de ser lançada pela editora alemã Schöffling & Co. a tradução de Luis Ruby para A Hora da Estrela, com o título Der große Augenblick.

E assim Clarice Lispector vai se tornando livro de cabeceira não apenas de lusófonos. É capaz agora de perturbar também o sono de estrangeiros.

Data

quinta-feira 03.03.2016 | 10:06

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