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Guardiola e a busca da perfeição numa equipe já perfeita

O Bayern de Munique, a equipe que na temporada passada conquistou tudo que disputou, está agora, oficialmente, sob comando de Pep Guardiola, o treinador mais vitorioso dos últimos anos. Uma união, à primeira vista, imbatível, mas que trará consigo muitos desafios – alguns talvez intransponíveis.

Guardiola, o eterno barcelonista, conquistou com os catalães 2 Champions League, 2 Supercopas Europeias, 2 Mundiais Interclubes, 2 Copas del Rey e 3 títulos do Campeonato Espanhol nos quatro anos em que esteve treinando a sua equipe do coração. Eleito melhor treinador do mundo em 2009 e 2011, Pep Guardiola é agora, oficialmente, o comandante, se não do melhor elenco, mas da equipe mais competitiva do mundo.

Em sua apresentação na Säbener Straße, a sede do Bayern de Munique, Guardiola discursou, e respondeu a todas as perguntas dos jornalistas, em alemão, diga-se de passagem, em bom nível para quem estava aprendendo a língua há apenas um ano. Mas, se no critério da simpatia, Guardiola já pontuou com o público alemão, no setor técnico e tático sabe que sofrerá uma dura pressão.

Eleito duas vezes pela Fifa melhor treinador mundo, Guardiola terá a curiosa missão de provar o seu valor no Bayern de Munique

O que um treinador deve fazer em uma equipe que ganhou tudo que disputou? Guardiola sabe a resposta: o maior desafio é manter o alto nível do time e, em segundo plano, impôr a sua filosofia de futebol, que os alemães chamam de “tiki-taka”. Material humano para repetir o jogo barcelonista de toques rápidos, curtos e precisos, o Bayern tem. Schweinsteiger é tão bom quanto Xavi Hernández, Javi Matínez fará o papel de Sergio Busquets e Mario Götze foi comprado pelos bávaros para ser o novo Andrés Iniesta. Thomas Müller, no papel de flutuação pelas beiradas do campo, é inclusive melhor que Pedro Rodríguez. E, se for levada em conta a última temporada, Franck Ribéry produziu mais para a sua equipe do que Cesc Fàbregas.

Se o meio de campo é o coração das equipes montadas por Pep Guardiola – e nesta faixa do esquema tático ele não deve encontrar problemas para montar um time que busque mais a posse de bola e tente sempre uma superioridade numérica em todas as disputas de bola – a preocupação maior do espanhol está no miolo da defesa e na inexistência de um clone de Lionel Messi.

Guardiola gosta de zagueiros centrais que saibam avançar e diminuir o campo de jogo. Não foram poucas às vezes em que Guardiola improvisou volantes na zaga. Não seria de tamanha surpresa se ele improvisar David Alaba para atuar ao lado do brasileiro Dante, mas a solução correta seria trazer um novo zagueiro para a posição.
Dicas do mercado: Vincent Kompany do Manchester City, uma das melhores saídas de jogo atualmente, Jan Vertonghen do Tottenham Hotspurs ou Mats Hummels do concorrente Borussia Dortmund.

A grande pergunta, quem vai ser o Messi de Guardiola no Bayern, é simples de ser respondida, mas muito complicada de ser resolvida. Não há quem possa ser tão decisivo no elenco bávaro. No geral, existem três formas de solucionar a falta do craque argentino.

1 – Franck Ribéry seria deslocado da ponta esquerda e receberá uma maior liberdade para centralizar suas jogadas e inverter posições. Resta a dúvida se o francês não ficará perdido e, consequentemente, sumido na partida, atuando mais centralizado.

2 – Retirar o centroavante, seja ele Mario Mandžukić ou Mario Gómez, e jogar com três atacantes. Ribéry, Müller e Robben. Funcionaria se o meio-campo for escalado com Götze e Kroos na armação.

3 – Manter o time com o centroavante, deixar do jeito que está e abrir mão de tentar reduzir a área jogável do campo. Implicaria na perda de um jogador a mais que possa participar do toque de bola envolvente, característico no estilo Guardiola.

Pep Guardiola: lidar com expectativa e pressão será o mais difícil para o espanhol

A tríplice coroa do Bayern de Munique não poderia se pior para Pep Guardiola. Se ele conseguir repetir o feito, o que seria sensacional, dirão que Pep pegou uma equipe bem armada por seu antecessor, Jupp Heynckes (o que não deixa de ter sua parcela de verdade). Se o espanhol fracassar, será uma mancha na imagem quase imaculada de um treinador que é um estudioso do futebol, um verdadeiro workaholic e tem como sua maior característica o perfeccionismo.

E para continuar a ser endeusado na Alemanha, Pep Guardiola terá que beirar a perfeição.

Data

25/06/2013 | 20:29

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