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Fase de grupos dá pistas do que será nova Família Scolari

Finalizada a fase de grupos da Copa das Confederações, ficou evidente que os dois principais candidatos ao título são a campeã mundial Espanha e o anfitrião Brasil.

Se os espanhóis mantêm o estilo de uma quase obsessão pela posse de bola, sustentada com passes curtos e rápidos, sempre buscando formações triangulares entre os jogadores, o Brasil é, dentro de um torneio sem grandes imprevistos, a equipe que mais vem surpreendendo.

Não que o Brasil esteja jogando um futebol maravilhoso, longe disto. As deficiências na marcação pelas duas laterais do campo e uma agravante fragilidade nas bolas aéreas ficaram perceptíveis mesmo contra equipes menos qualificadas tecnicamente e de menor estatura, como Japão e México.

Mas dizer que a seleção brasileira é uma equipe de um jogador só, de uma estrela que brilha solitária é, além de exagerado, uma tremenda má vontade em enxergar a evolução tática da equipe e o dedo do treinador Luiz Felipe Scolari.

Cão de guarda de Felipão é Luiz Gustavo, atualmente reserva no Bayern de Munique

Felipão está montando um meio-campo bem no estilo Felipão. A forte marcação, a pressão na posse de bola adversária e a obrigação de os atacantes voltarem para compor uma muralha no meio-campo são,  enfim, a aceitação por um comportamento tático que é praxe há muito tempo na Europa.

Luiz Gustavo é o cão de guarda – é o Edmílson da “nova” Família Scolari. Se a fase do volante do Bayern de Munique não é boa, o potencial técnico, principalmente na saída de bola, é superior ao primeiro-volante de 2002. No lugar de Kléberson, Felipão escolheu o (ainda) corinthiano Paulinho, que é hoje melhor jogador do que Kléberson fora no auge de sua carreira.

Felipão optou, provavelmente, por um segundo-volante mais apoiador porque o meio-campo criativo praticamente ainda inexiste. O menino Oscar é uma (boa) aposta. É a esperança de que um jovem talento consiga, daqui a um ano, ter a capacidade psicológica e a calma necessária para conduzir a seleção brasileira.

Enquanto Oscar não virar Rivaldo, Felipão escalará dois atacantes ao lado de Neymar. Com o trio ofensivo em campo, Neymar e Hulk tem a obrigação de voltar e ajudar na marcação. Mas a vontade de Scolari é encontrar o Gilberto Silva dessa geração e poder liberar mais Oscar e Neymar. Seria o Ramíres, se ele não tivesse comemorado o aniversário…

Com o treinador Luiz Felipe Scolari, o atacante Neymar tem uma nova função: marcar

Neymar e Oscar, por sinal, são o grande exemplo da filosofia de Scolari. Ambos lideram a lista dos jogadores mais faltosos da Copa das Confederações. Neymar tem 13 e Oscar nove faltas cometidas. Bem verdade também, que o ex-santista é também o mais caçado do torneio, mas esse número alto de faltas cometidas pelo meio-campo brasileiro demonstra em primeiro plano uma orientação tática e consequentemente uma incapacidade em marcar o adversário, sem derrubá-lo.

A expectativa é que este meio-campo consiga desenvolver um papel mais criativo na fase aguda da Copa das Confederações. Mas fato é, Felipão conseguiu em sete meses como treinador da seleção brasileira e com o mesmo material a disposição que seu antecessor Mano Menezes, formar um meio-campo competitivo.

E há quem diga que as chances do Brasil de conquistar a Copa do Mundo de 2014 estão na capacidade de Felipão de conseguir fazer com que este meio-campo jogue mais verticalmente e continue com essa pegada forte na marcação. Possível é, vide a Alemanha de Joachim Löw.

Data

24/06/2013 | 00:47

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